top of page

O Evangelho de Mateus 12:27


 

“E se eu expulso demônios por Belzebu, por quem os expulsam os filhos de vocês? Por isso, eles mesmos serão juízes sobre vocês”. Mateus 12:27

 

Em Mateus 12:27, Jesus responde à acusação dos fariseus de que Ele estaria expulsando demônios pelo poder de Belzebu, príncipe dos demônios, com uma pergunta simples, mas profundamente reveladora: “Se eu expulso demônios por Belzebu, por quem os expulsam os filhos de vocês?”. Aqui, Jesus não só desmascara a hipocrisia dos fariseus, mas também expõe a incoerência do seu julgamento.

 

 Pensamento

 

1. A Hipocrisia dos Fariseus:

  

Jesus aponta que os fariseus aceitavam o exorcismo realizado pelos seus próprios “filhos” — provavelmente seus discípulos ou outras figuras que exerciam a prática do exorcismo dentro do judaísmo —, mas rejeitavam a obra de Jesus, ainda que seus atos fossem igualmente libertadores e evidentes. Isso revela um duplo padrão e uma hipocrisia clara. Eles aplicavam uma medida de julgamento a Jesus que não aplicavam aos seus próprios seguidores. Muitas vezes, essa mesma atitude está presente em nossas vidas, quando julgamos e criticamos os outros de forma mais severa do que a nós mesmos ou àqueles que nos são próximos.

 

2. A Natureza do Julgamento Humano:

  

O texto nos ensina que, ao julgar, devemos estar atentos à imparcialidade de nossos julgamentos. Jesus, em Mateus 7:2, já havia alertado que seríamos julgados com a mesma medida que julgamos os outros. Isso significa que, quando condenamos ou criticamos alguém, estamos, de certa forma, estabelecendo o padrão pelo qual também seremos avaliados. É fácil enxergar os erros nos outros, mas o desafio é usar a mesma lente crítica em relação a nós mesmos.

 

 A hipocrisia, como a dos fariseus, surge quando aplicamos diferentes padrões para pessoas diferentes, ou quando justificamos em nós ou nos nossos próximos aquilo que condenamos nos demais. Jesus nos convida a uma reflexão séria sobre nossa coerência moral e espiritual.

 

3. A Justiça Verdadeira:

  

Ter “fome e sede de justiça”, como Jesus ensinou no Sermão do Monte (Mt 5:6), não significa apenas desejar que a justiça de Deus prevaleça no mundo, mas também buscar a justiça em nosso próprio coração. Isso implica um desejo genuíno de ser justo nas nossas ações, pensamentos e julgamentos, inclusive nos momentos em que somos chamados a julgar o comportamento dos outros. A justiça divina não está apenas em corrigir os outros, mas em permitir que Deus também nos corrija.

 

O Evangelho nos chama a viver uma justiça que começa dentro de nós, reconhecendo nossas falhas e buscando ser transformados pela misericórdia de Deus. Quando buscamos a justiça divina, devemos fazê-lo com a humildade de quem sabe que também precisa ser corrigido e perdoado.

 

4. O Exemplo de Jesus:

  

Jesus é o exemplo perfeito de como devemos nos portar diante de julgamentos. Ele não se deixou intimidar pelos fariseus, mas também não respondeu com raiva ou condenação. Ele os confrontou com a verdade, usando uma lógica simples, porém poderosa, e chamou a atenção para a incoerência e a hipocrisia deles. Jesus nos ensina que, ao enfrentar acusações ou julgamentos injustos, nossa melhor defesa é a verdade e a coerência da nossa vida.

 

5. A Misericórdia e a Justiça:

  

Um ponto crucial no ensinamento de Jesus é a interdependência entre justiça e misericórdia. Deus nos julgará com a mesma medida que usamos para julgar os outros, e isso inclui a misericórdia. Se queremos que Deus seja compreensivo e compassivo conosco em nossas fraquezas e falhas, devemos também ser compreensivos e compassivos com os outros. Isso não significa ignorar o erro ou a injustiça, mas sim abordá-los com a mesma graça e paciência que desejamos de Deus.

 

A justiça sem misericórdia torna-se dura e impiedosa, enquanto a misericórdia sem justiça pode levar à permissividade. No entanto, Jesus nos chama a manter essas duas virtudes em equilíbrio. Ao julgar, devemos sempre lembrar que todos somos pecadores e necessitados da misericórdia divina. Isso nos ajudará a evitar julgamentos precipitados ou severos e a agir com o coração compassivo de Cristo.

 

6. O Papel dos Discípulos de Cristo:

  

Jesus também nos lembra que os discípulos têm um papel importante em julgar as obras dos outros, mas esse julgamento deve ser feito com justiça e discernimento espiritual. Os "filhos" mencionados por Jesus, sejam eles discípulos ou exorcistas, servem como um espelho para os fariseus. Eles mesmos reconheciam a validade dessas práticas espirituais quando realizadas por seus seguidores, mas recusavam-se a reconhecer a mesma legitimidade na pessoa de Jesus. Isso nos alerta para sermos consistentes em nossas avaliações e abertos ao que Deus está fazendo, mesmo que seja através de pessoas ou métodos que não compreendemos completamente.

 

 Aplicação

 

1. Examine seus motivos:

  

Antes de julgar alguém, examine suas intenções e motivos. Pergunte-se se você está sendo coerente em seus julgamentos e se aplica a mesma medida de avaliação para todas as pessoas. Somos rápidos em apontar falhas nos outros, mas lerdos em reconhecer as nossas. Se buscamos a justiça de Deus, precisamos estar prontos para aplicá-la também a nós mesmos.

 

2. Seja justo e misericordioso:

   Ao lidar com situações de conflito ou julgamento, lembre-se de que a justiça divina está sempre associada à misericórdia. Como você deseja ser tratado por Deus? Com compaixão e paciência? Então trate os outros da mesma forma. A misericórdia não ignora a justiça, mas a tempera com graça. Assim como Jesus curou, libertou e trouxe a verdade, Ele também o fez com um coração cheio de amor.

 

3. Ore por discernimento:

  

Julgar com justiça exige sabedoria e discernimento. Não é uma tarefa fácil. Por isso, ore para que Deus lhe dê clareza, compreensão e um coração humilde. Muitas vezes, podemos estar errados em nossas suposições e julgamentos. Somente com a orientação do Espírito Santo podemos discernir corretamente e agir de acordo com a vontade de Deus.

 

4. Lembre-se do chamado à humildade:

  

Todos somos pecadores e todos precisamos da graça de Deus. Lembrar disso nos ajuda a julgar com humildade, sabendo que, em algum momento, também estaremos sob o julgamento de Deus. Nossa tarefa não é condenar, mas discernir, corrigir com amor e apontar para o caminho da redenção em Cristo.

 

 Oração

 

Pai amoroso, nós reconhecemos que somente o Senhor é justo e capaz de julgar com perfeita sabedoria. Pedimos que nos ajude a sermos justos e misericordiosos, aplicando em nossa vida a mesma medida que desejamos receber do Senhor. Dê-nos discernimento para entender a verdade e sabedoria para lidar com os outros com graça. Que em tudo possamos refletir o caráter de Cristo e agir com o coração cheio de compaixão e justiça. Em nome de Jesus, oramos. Amém.

Posts recentes

Ver tudo
O Evangelho de Mateus 28:20b

“E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”. - Mateus 28:20b   A passagem de Mateus 28:20b  é um poderoso lembrete da presença...

 
 
 
O Evangelho de Mateus 28:20ª

“...ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei.”  - Mateus 28:20ª   A passagem de Mateus 28:20a , que nos instrui a ensinar os...

 
 
 
O Evangelho de Mateus 28:19b 

“batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo,” - Mateus 28:19b   A passagem de Mateus 28:19b , que nos instrui a batizar...

 
 
 

Comentários

Avaliado com 0 de 5 estrelas.
Ainda sem avaliações

Adicione uma avaliação
bottom of page