O Evangelho de Mateus 12:5-6

“Ou vocês não leram na Lei que, no sábado, os sacerdotes no templo profanam esse dia e, contudo, ficam sem culpa? Eu lhes digo que aqui está o que é maior do que o templo.” Mateus 12:5-6

O trecho de Mateus 12:5-6 revela mais uma confrontação entre Jesus e os fariseus, centrada na interpretação e aplicação das Escrituras. Quando os fariseus criticaram Jesus e seus discípulos por violarem o sábado, Jesus lembrou-os de que os próprios sacerdotes realizavam trabalhos no templo durante o sábado e, mesmo assim, eram considerados sem culpa. Além disso, Jesus declarou que "aqui está o que é maior do que o templo", referindo-se a Si mesmo.

 Pensamento

Este episódio destaca uma questão crucial: a diferença entre conhecer as Escrituras e entender o seu verdadeiro significado. Os fariseus eram profundamente versados na Lei, conhecendo minuciosamente cada detalhe das prescrições divinas. Contudo, falharam em reconhecer o princípio por trás dessas prescrições e, pior ainda, não perceberam que estavam diante de Jesus, o Messias, aquele a quem todas as Escrituras apontavam.

1. Conhecimento intelectual versus entendimento espiritual:

Jesus mais uma vez indaga: "Vocês não leram...?". Esse questionamento mostra que os fariseus conheciam os textos sagrados, mas não os compreendiam plenamente. Eles recitavam e aplicavam as Escrituras com precisão legalista, mas não captavam o espírito da Lei. Esse é um perigo constante no estudo das Escrituras: podemos conhecer o texto, mas sem a sensibilidade espiritual para compreender seu propósito central.

Jesus lembra aos fariseus que os sacerdotes, ao cumprirem suas funções no templo, realizavam atividades no sábado, mas não eram culpados. Isso porque, no contexto do serviço sagrado, o propósito superior do culto a Deus tornava essas ações legítimas. A lição aqui é que o ritualismo cego não pode ofuscar o propósito maior da Lei de Deus: promover a vida e a santidade.

2. Jesus é maior que o templo:

A declaração de Jesus de que Ele é maior que o templo é uma afirmação radical. Para os judeus, o templo era o lugar central da adoração e da presença de Deus. No entanto, Jesus revela que Ele próprio é a manifestação plena e última da presença de Deus entre os homens. Assim, ao insistirem na observância do sábado de maneira legalista, os fariseus estavam perdendo a visão de que o próprio Deus estava presente entre eles, na pessoa de Jesus.

Jesus é o cumprimento de toda a Lei e os profetas (Mateus 5:17). Todas as prescrições da Lei, incluindo o sábado e o templo, apontavam para Ele. Portanto, se Jesus estava entre eles, o templo e suas normas tornavam-se secundários diante de Sua presença. Isso também se aplica a nós hoje: quando Cristo está presente em nossa vida, as regras, tradições e rituais não devem ser nosso foco principal. Ele é o centro.

3. O perigo do formalismo religioso:

Os fariseus eram mestres em cumprir rigorosamente os mandamentos da Lei, mas Jesus revelou que o formalismo pode levar à cegueira espiritual. Eles estavam tão preocupados com a observância correta do sábado que não perceberam a presença do Filho de Deus entre eles. Esse é um alerta para todos nós: podemos nos perder em nossas práticas religiosas, em nosso zelo por seguir regras, enquanto ignoramos a presença viva de Cristo.

   Há muitos cristãos hoje que, assim como os fariseus, se apegam a tradições, regras e rituais como a essência de sua fé. Porém, é fundamental lembrar que Jesus é o princípio e o fim de nossa espiritualidade. As Escrituras são indispensáveis, mas se não nos conduzem a um relacionamento mais íntimo com Cristo, corremos o risco de transformá-las em um fim em si mesmas.

4. A chave para a compreensão das Escrituras é Jesus:

Jesus é a chave que desbloqueia o verdadeiro significado das Escrituras. Ler e estudar a Bíblia é essencial, mas devemos sempre lembrar que ela aponta para Cristo. Sem Ele, nosso entendimento será limitado e superficial. Por isso, quando estudamos a Palavra de Deus, devemos sempre buscar ouvir a voz de Jesus e permitir que Ele nos guie em sua interpretação.

Paulo escreveu em 2 Coríntios 3:14-16 que, até hoje, há um véu sobre o entendimento daqueles que leem as Escrituras sem Cristo. Mas, quando alguém se volta para o Senhor, o véu é removido. Precisamos, portanto, de um relacionamento vivo com Jesus para compreendermos verdadeiramente a Palavra de Deus.

 Aplicação

Esse texto nos convida a uma reflexão profunda sobre nossa abordagem das Escrituras e da fé cristã. A vida cristã não se trata apenas de regras e tradições, mas de um relacionamento vivo com Cristo, que é o centro de tudo.

— Discernimento espiritual: Quando estudamos a Bíblia, devemos sempre pedir ao Espírito Santo que nos ajude a ver além das palavras e a enxergar Jesus em cada página. Jesus é o propósito final de toda a revelação bíblica, e sem Ele, nossa leitura será apenas um exercício intelectual vazio.

— Priorizar a presença de Cristo: Assim como os fariseus falharam em reconhecer a presença de Jesus, também podemos ser culpados de negligenciar a centralidade de Cristo em nossas vidas. Nossas práticas religiosas, por mais bem-intencionadas que sejam, não devem ofuscar a pessoa de Cristo. Ele é maior que o templo, maior que qualquer tradição, e deve ser o foco de nossa adoração e devoção.

— Relacionamento acima de regras: Jesus nos convida a um relacionamento íntimo e pessoal com Ele. Esse relacionamento transcende qualquer conjunto de regras ou rituais. Embora a obediência a Deus seja essencial, ela deve ser motivada por amor e compreensão, e não por uma simples adesão a regras.

 Oração

Pai Celestial, agradecemos porque nos revelaste a Ti mesmo por meio de Jesus Cristo. Ajuda-nos a não nos perdermos em tradições ou rituais, mas a enxergar o verdadeiro propósito das Escrituras — que é nos conduzir a um relacionamento vivo e transformador com Cristo. Que possamos ouvir a Tua voz claramente e seguir a direção de Teu Espírito. Livra-nos da cegueira espiritual que impede de ver o que realmente importa: Jesus, o centro de nossa fé. Em nome de Jesus, oramos. Amém.

A lição de Mateus 12:5-6 nos desafia a ir além da letra da Lei e a buscar a essência do Evangelho, que é Jesus Cristo. Ele é maior que o templo, maior que qualquer regra ou ritual, e devemos sempre olhar para Ele como a chave que revela o verdadeiro significado das Escrituras.