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O Evangelho de Mateus 12:7-8


 

“Se vocês soubessem o que significam estas palavras: ‘Desejo misericórdia, não sacrifícios’, não teriam condenado inocentes. Pois o Filho do homem é Senhor do sábado”. Mateus 12:7-8

 

O texto de Mateus 12:7-8 é uma das passagens mais desafiadoras do Evangelho de Mateus, pois revela a tensão entre a letra da Lei e o espírito da misericórdia. Quando Jesus afirma: "Desejo misericórdia, não sacrifícios", Ele está citando Oséias 6:6, um versículo que expressa o coração de Deus em relação à verdadeira adoração. Os fariseus, que haviam se tornado especialistas em seguir os mínimos detalhes da Lei, perderam de vista o propósito maior dela: misericórdia e graça.

 

 Pensamento

 

1. O contraste entre sacrifício e misericórdia:

  

No contexto religioso judaico, os sacrifícios ocupavam um lugar central na adoração. Os rituais de sacrifício, oferecidos no templo, eram vistos como uma forma de apaziguar a ira de Deus e obter Seu favor. Contudo, ao longo das Escrituras, vemos Deus constantemente lembrando Seu povo de que a obediência ritual sem um coração transformado não tem valor.

 

Quando Jesus cita Oséias, Ele está enfatizando que Deus prioriza o relacionamento e o cuidado entre as pessoas, mais do que a adesão cega aos rituais. A justiça divina sempre esteve aliada à misericórdia. Por isso, o verdadeiro cumprimento da Lei de Deus não está apenas em seguir normas, mas em demonstrar compaixão e perdão.

 

No contexto do Evangelho, Jesus revela que a misericórdia é o valor supremo no Reino de Deus. Ele nos mostra que a verdadeira adoração a Deus se manifesta na maneira como tratamos os outros, especialmente em nossa capacidade de perdoar e oferecer graça. Quando priorizamos o legalismo e a rigidez, deixamos de ser instrumentos da graça de Deus no mundo.

 

2. O Senhor do Sábado:

  

Ao afirmar que o "Filho do homem é Senhor do sábado", Jesus está declarando Sua autoridade sobre a Lei e, em particular, sobre o sábado, que era uma das mais importantes observâncias religiosas do judaísmo. O sábado foi instituído como um dia de descanso, um dia dedicado ao Senhor (Êxodo 20:8-11). No entanto, com o passar do tempo, os líderes religiosos tornaram essa prática um fardo pesado para o povo, impondo inúmeras regras e restrições.

 

Jesus, ao se declarar "Senhor do sábado", reinterpreta o significado dessa observância. O sábado não era para ser uma imposição legalista que sobrecarregasse as pessoas, mas um tempo de renovação e restauração. Ao curar e realizar atos de bondade no sábado, Jesus demonstra que o verdadeiro descanso vem da cura espiritual e da liberdade que Ele oferece.

 

O foco de Jesus, então, não é apenas seguir as regras pela regra em si, mas revelar que a verdadeira obediência a Deus é expressa em amor e misericórdia. O sábado, como todas as demais leis, é subordinado à maior de todas as leis: o amor a Deus e ao próximo (Mateus 22:37-40).

 

3. Misericórdia em vez de julgamento:

  

Jesus desafia os fariseus, e a nós também, a sermos misericordiosos com os outros. Ele aponta que, ao condenarem os inocentes por pequenas violações das regras, eles falharam em refletir o caráter de Deus. A falta de misericórdia é um sintoma de um coração endurecido. Quando somos rápidos em julgar e condenar os outros, nos afastamos do exemplo de Cristo.

 

A misericórdia é a marca do cristão verdadeiro. Ela nos lembra que todos nós somos carentes da graça de Deus e, portanto, devemos ser prontos para oferecê-la aos outros. Jesus nos ensina que não podemos exigir justiça severa dos outros quando nós mesmos vivemos sob a graça. Afinal, quem somos nós para negar a misericórdia ao nosso próximo, se Deus nos perdoa todos os dias?

 

4. O desafio do perdão e da misericórdia:

  

Perdoar e exercer misericórdia nem sempre é fácil. Muitas vezes, nos apegamos às ofensas e preferimos ver a justiça sendo feita conforme nossos critérios humanos. No entanto, Jesus nos convida a ir além: Ele nos chama a amar, perdoar e mostrar compaixão, mesmo quando o outro não merece. Isso porque o perdão e a misericórdia não são apenas atos isolados, mas refletem o coração do Evangelho.

 

Como seguidores de Cristo, somos chamados a refletir a misericórdia que recebemos de Deus. Quem em sua vida precisa da sua misericórdia? Há pessoas que, quando olhamos, só conseguimos enxergar seus erros? Jesus nos convida a olhar para essas pessoas como Deus olha para nós — com amor, compaixão e perdão.

 

 Aplicação

 

A passagem de Mateus 12:7-8 nos desafia a refletir sobre como lidamos com os outros e com a Lei de Deus. Será que, como os fariseus, estamos mais preocupados com a observância das regras e com o julgamento, ou estamos dispostos a viver como Cristo, exercendo misericórdia e graça?

 

— O valor da misericórdia: A misericórdia deve ser uma prioridade em nossa vida espiritual. Se estamos presos ao julgamento, se nossa fé é rígida e inflexível, corremos o risco de perder de vista o verdadeiro espírito do Evangelho. Lembre-se: "Bem-aventurados os misericordiosos, pois obterão misericórdia" (Mateus 5:7).

 

— Viver como Cristo: Jesus nos convida a imitá-lo. Se Ele, o Senhor do sábado e da Lei, agiu com misericórdia, nós também devemos fazer o mesmo. Ele não veio para condenar, mas para salvar. Da mesma forma, nossa missão como cristãos é ser canais de graça e perdão, e não de julgamento e condenação.

 

— Perdoar é necessário: Todos nós precisamos de misericórdia, pois todos somos falhos. Se não perdoarmos e não demonstrarmos compaixão, como podemos esperar o perdão de Deus? O apóstolo Paulo escreveu: “Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo” (Efésios 4:32).

 

 Oração

 

Pai da misericórdia, reconheço o quanto dependo de Tua graça todos os dias. Perdoa-me quando falho em demonstrar a mesma misericórdia aos outros. Ajuda-me a viver segundo o Teu exemplo, sendo compassivo e pronto a perdoar. Que eu nunca me apegue ao julgamento ou à condenação, mas que, em tudo, eu reflita o amor e a graça que recebi de Ti. Ensina-me a seguir os passos de Jesus, o Senhor do sábado e o mediador da nova aliança. Em nome de Jesus, amém.

 

O chamado de Jesus é para que vivamos uma fé centrada na misericórdia e no amor, não no legalismo. A verdadeira adoração a Deus está em sermos misericordiosos como Ele é, lembrando que a graça de Cristo é o coração de nossa fé.

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